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Foto do escritorEllen Artie

Revivendo Emoções: Uma Jornada Nostálgica no 'I Wanna Be Tour' do Rio de Janeiro

No sábado, 09/03/2024, foi a vez do Rio de Janeiro receber a turnê.


Certamente, é importante começar mencionando o trágico evento que ocorreu no final do festival com João Vinicius Ferreira, que infelizmente faleceu após sofrer uma descarga elétrica. Após uma forte chuva no Riocentro, João buscou abrigo em um food truck e acabou sofrendo uma descarga elétrica ao encostar no mesmo. Apesar dos esforços do público e da equipe do festival, João chegou ao hospital sem vida. Expressamos nossas condolências aos amigos e familiares.



O evento, que inicialmente estava programado para ocorrer no Engenhão, teve seu local alterado para o Riocentro, na Barra da Tijuca, uma semana antes de sua realização, por decisão da produção.


O calor da manhã já anunciava como seria grande parte do dia do festival. Logo cedo, por volta das 9h da manhã, a área coberta externa já estava lotada de pessoas aguardando ansiosamente pela abertura dos portões, marcada para as 10h.



Entrei alguns minutos após a abertura, mas devido ao grande fluxo de pessoas e à escassez de funcionários no momento da revista, a entrada foi lenta e, como ocorreu no show de São Paulo, algumas pessoas não conseguiram entrar a tempo para o show da Fresno.


Como gradeira que sou, corri para o palco onde estariam a maioria das atrações que eu queria assistir. O festival contava com dois palcos lado a lado, uma experiência que vivi pela primeira vez. Me surpreendeu o local ser de gramado, já que estou acostumada a ir a shows em estádios e geralmente o chão é protegido com plástico para preservar o gramado do campo.



Consegui ficar bem no meio do palco, e como ainda faltavam alguns minutos para começar o show da Fresno, que aconteceria no outro palco, aproveitei o tempinho para comprar água e lembrancinhas do show. São esses minutinhos que aproveito para conhecer a galera que vai passar perrengue ao meu lado pelas próximas 12 horas. Para minha surpresa, encontrei uma amiga que também veio de São Paulo para o festival no Rio de Janeiro.


Às 11h em ponto, Fresno entra com tudo, agitando o público com sua famosa "Quebre as Correntes". Isso foi suficiente para o pessoal sentado na grade do outro palco se levantar para curtir o show junto. A banda tocou músicas clássicas de seu repertório como “Redenção”, “Diga, parte 2” e seu último lançamento, “Eu Nunca Fui Embora”, essa última contou com uma homenagem dos fãs que se repetiu em todos os estados, com balões em verde idealizados pela @cherry_pine e @lurrobertti. Finalizando o show com “CASA ASSOMBRADA”, a música contou com a participação de De’Mar Hamilton, baterista do Plain White T’s.


Créditos: Flashbang Co @flashbang


Após o final do show da Fresno, os seguranças que estavam no pit aproveitaram para entregar água para o pessoal da grade, uma cena recorrente durante todo o festival, mostrando que toda a organização estava muito solícita e preocupada com o bem-estar de todos os presentes.


Plain White T’s entram no palco com “Our Time Now” e passeiam pelos grandes sucessos de sua carreira. O vocalista Tom Higgenson estava usando uma regata do Flamengo, provavelmente comprada em um dos seus passeios pelo Rio. A grande surpresa foi a presença da cantora brasileira Day Limns cantando a música "Hey There Delilah", que encerrou o set da segunda banda do festival.


Ellen Artie @ellenartie


Mayday Parade entrou no palco no horário previsto, com seu estilo pop-punk que é ao mesmo tempo nostálgico e contemporâneo, uma mistura gostosa de ouvir. Iniciando o show com “Oh Well, Oh Well” e seguindo uma setlist composta em sua maioria por músicas do primeiro álbum da banda, “A Lesson in Romantics” (2007), a banda entregou um show energético, mas com um toque de baladinha dançante, com músicas que são confortáveis de ouvir mesmo para quem não as conhece. Fechando a setlist com “Jamie All Over”, o público cantou e pulou até o último refrão (os joelhos que lutem).


Créditos: Flashbang Co @flashbang


Na sequência, foi a vez da Pitty deixar sua marca no festival. Como única representante feminina no evento, ela iniciou o show com uma gravação de audio de uma ligação a cobrar, representando como tudo começou na sua carreira. A baiana entrou no palco com sua SG vermelha cantando “Teto de Vidro”, a primeira música de seu álbum de estreia, “Admirável Chip Novo” (2003).


As músicas estavam na ponta da língua de todos, e o público cantou do início ao fim, sem deixar o coro morrer. Antes de encerrar seu show, Pitty fez menção a Kathleen Hanna, vocalista do Bikini Kill, relembrando a importância das mulheres ocuparem mais espaços, principalmente no palco. Iniciando os acordes de “Me Adora”, Pitty convidou todas as mulheres que pudessem pular a grade e subir ao palco. Inicialmente, os seguranças não permitiram tal ato e começaram a impedir as meninas que tentavam chegar ao palco, no entanto, isso não foi suficiente para intimidá-las, e antes mesmo de chegar ao refrão, o palco estava lotado de mulheres fazendo uma verdadeira festa.


Ellen Artie @ellenartie



No outro palco, foi a vez de Boys Like Girls agitar o público com uma setlist bem variada de seus grandes sucessos. Eles começaram o show com “SUNDAY AT FOXWOODS” para dar aquela aquecida na entrada, emendando em seguida com “Love Drunk”. Uma coisa interessante sobre essa música é que, mesmo eu nunca tendo ouvido falar diretamente dela, os primeiros acordes me trouxeram uma nostalgia inexplicável. Fechando com “The Great Escape”, música cujo o refrão me trouxe mais uma vez aquela sensação de nostalgia (talvez eu tenha ouvido a banda mais do que meu consciente sabe).


Alguns minutos antes do Asking Alexandria entrar, o pessoal da grade já estava eufórico uma vez que a grande maioria dos presentes ali aguardava ansiosamente por eles. A banda apresentou um estilo um pouco diferente do que tínhamos visto até então no festival. Seu som pesado e agressivo impressionou até os seguranças presentes.


Durante a música “Dark Void”, o vocalista Danny Worsnop pediu para a galera abrir uma “wall of death”, mas o público não entendeu muito bem o que era para fazer e continuou com a roda de mosh. Danny insistiu com um “get to a side, that’s not what's happening right now”, enquanto Cameron Liddell (Guitarra Solo) e Sam Bettley (baixo) tentavam fazer uma mímica, mas Danny desistiu logo em seguida com um “Fuck it”. Entre uma música e outra, palhetas foram jogadas para o público, mas Cameron Liddell atendeu aos pedidos das pessoas que seguravam plaquinhas pedindo as mesmas, solicitando que os seguranças as entregassem em mãos. Fechando com “Alone in a Room”, o público pulou do início ao fim. As rodinhas de mosh continuaram até o final do show, e até o momento foi a banda que mais agitou a galera no festival.


Ellen Artie @ellenartie



The Used entrou no palco e nem deu tempo de processar a entrada. Bert McCracken apareceu com uma bandeira do Brasil escrita “Emo Vive” amarrada no pescoço, e com os acordes iniciais de "Pretty Handsome Awkward", o público já começou a pular. Bert agitou a plateia durante toda a apresentação, seguindo o padrão adotado em outros shows da turnê, instigando o público a mostrar o dedo do meio e puxando um coro de “Fuck You”. Finalizando o show com “A Box Full of Sharp Objects” e emendando “Smells Like Teen Spirit”, o público se empolgou em um último suspiro do show.


O Sol já estava quase se pondo, dando um descanso para o calor e o mormaço. O pessoal seguia firme e forte na grade, na expectativa de ver seu artista favorito o mais perto possível.


Foi a vez do All Time Low dar as caras no festival, e a largada foi logo com “Lost in Stereo”, recebida pelo público com extrema animação, parecendo que o festival tinha acabado de começar, mesmo após mais de 6 horas de evento com intervalos mínimos entre as bandas. A disposição do palco era diferente do usual, com a bateria posicionada um pouco mais para a direita (da perspectiva do público), proporcionando uma sensação mais aberta tanto para os espectadores quanto para a banda. Jack Barakat, o guitarrista solo, entreteve o público com suas brincadeiras e performances marotas no palco.



Ellen Artie @ellenartie


Outra participação inédita foi a da cantora Marcella Rica, que subiu ao palco para cantar “Remembering Sunday”. A sonoridade das músicas me agradou muito; o All Time Low nunca tinha chamado minha atenção até eu descobri-los até o anuncio da turnê, nem mesmo suas músicas mais famosas. Com certeza, será uma das bandas que vou adotar após este festival. Fechando com “Dear Maria”, ouvir essa música ao vivo fez com que a banda ganhasse um espacinho na minha playlist.


The All-American Rejects entraram no palco "It's Not a Phase" no horário previsto, tocando "Swing Swing", e Tyson Ritter parecia mais solto do que no show anterior que eu vi (I Wanna Be Tour em São Paulo). A presença da banda estava mais energética, e apesar de ser a primeira vez da banda no Brasil, pareciam mais íntimos com o público. Tocando seus grandes sucessos, em certo momento Tyson brincou com a plateia como se falasse português fluentemente, antes de apresentar uma de suas músicas mais ouvidas no Spotify, “Dirty Little Secret”. Deixando um de seus grandes sucessos, “Gives You Hell”, para o final, apesar da grande empolgação durante o show, o final se tornou ainda mais emocionante, pois poucos minutos separavam o público do início do show do Nx Zero.


Desde o sucesso que foi a turnê de 2023, tive a impressão de que esta edição do I Wanna Be Tour foi como um último suspiro para a base de fãs do Nx Zero, que segue incerta sobre o futuro da banda. Esta foi a minha terceira vez em um show do Nx (a primeira foi no último show da turnê em 2023, e a segunda foi no I Wanna Be Tour em São Paulo). Em ambas assisti os shows da arquibancada e não senti o show por completo, mas sou suspeita para falar, pois amo ficar na grade. Apesar da vista maravilhosa da grade, nem tudo são flores, pois a disputa pela melhor vista é extremamente acirrada, resultando em brigas entre o público mais próximo da grade. No entanto, também houve espaço para solidariedade: fãs que estavam ali para ver o Simple Plan cederam seus lugares na grade para fãs do Nx Zero, permitindo que eles pudessem curtir o show ainda mais de perto.



Ellen Artie @ellenartie


Iniciando o show com “Além de Mim”, minha empolgação foi tamanha que esqueci de salvar voz para o show do Simple Plan. Di e Gee têm uma sintonia no palco inexplicável, o que dá um ar ainda mais especial para o show. A conexão que a banda tem com os fãs é algo notável; em vários momentos do show, é possível ver os integrantes interagindo com os fãs, reconhecendo-os e dedicando-lhes músicas. Day Limns também subiu ao palco do Nx Zero para cantar “Onde Estiver”.


Fechando com a clássica “Razões & Emoções”, não houve um brasileiro presente no festival que não cantasse junto; o estereótipo do “Rockeiro Truezão” fica para a internet, porque é inegável a força que essa música tem sobre o público. O show do Nx Zero finalizou com um gostinho de quero mais e um certo vazio no peito com a incerteza de uma próxima turnê.


Ellen Artie @ellenartie


A Day to Remember entrou em palco com o famoso “Da-da-da-da-da-da…” embalando o público para o que estava por vir, e o “Let's Go” perfeitamente sincronizado com os canhões e chuva de papel picado deram início ao show e aos mosh pits. Sendo um dos shows mais aguardados do Palco “It's Not a Phase”, não é à toa que eles eram os headliners. Com uma setlist impecável recheada de grandes hits, Jeremy repetiu o discurso dele dos outros shows sobre o "crowd surfing" antes de "Mindreader", pois havia poucos seguranças para ajudar a galera na hora que chegavam perto da grade, pedindo para todos se cuidarem.Durante “Have Faith in Me”, começou uma leve garoa, mas com muito vento, que ainda não demandava colocar a capa de chuva. O show seguiu normalmente e o set foi fechado com “All Signs Point to Lauderdale”.


Conforme a chuva engrossou e o show do A Day To Remember terminou, muitas pessoas correram procurar abrigo, enquanto era possível ver a movimentação no palco “It’s a Life Style” da equipe tentando cobrir os equipamentos, pois a chuva e o vento já estavam em uma proporção que todos achavam que a qualquer momento alguém da produção entraria no palco para avisar do cancelamento do show do Simple Plan. E foi o que aconteceu; um membro da produção entrou e avisou que o show iria acontecer, mas estavam aguardando a chuva dar uma trégua. Nesse meio tempo, a ansiedade e inquietação do público aumentavam junto com a chuva. Apesar de parecer maior, o atraso foi de apenas 30 minutos, mas grande o suficiente para quem dependia de transporte público para ir embora. Por conta da chuva e do atraso, algumas pessoas deixaram o Riocentro antes do Simple Plan subir ao palco.


A equipe de produção entrou novamente no palco e começou a descobrir os equipamentos, e todos já sabiam o que estava por vir; a gritaria começou ali mesmo, e às 22h45 a música tema de Star Wars começou a tocar, marcando o início do show do Simple Plan. Os integrantes entraram no palco e a chuvinha que tinha prometido parar começou a ficar mais forte novamente, mas naquele momento, nada mais importava. O cansaço de mais de 12 horas em pé, todos molhados da chuva, tudo isso foi esquecido quando Seb, Jeff e Chuck deram os primeiros acordes, finalizando a introdução, e Pierre pediu para todos fazerem muito barulho.



Ellen Artie @ellenartie


Nesse momento, fui transportada diretamente para meu quarto na minha casa no interior de Santa Catarina, com as paredes forradas de pôsteres das minhas bandas favoritas, minha playlist sendo reproduzida no Winamp e o som saindo de uma mini caixinha de som branca do meu PC Positivo. Deitada, eu sonhava com esse momento e sempre pareceu muito distante. A cereja do bolo foi eu estar junto do meu melhor amigo Jesie, que me apresentou a banda. Foi tudo tão mágico que não tenho palavras para descrever. Cada música tocada era uma dose de serotonina liberada.


O show teve muitos momentos altos, mas vale destacar alguns deles. Primeiro, minha amiga de grade (@jess__sabrina) foi chamada ao palco para subir durante a música “What's New Scooby Doo?”. Minha empolgação por ela foi tamanha que nem prestei atenção no medley com "All Star" de Smash Mouth, "Sk8er Boy" de Avril Lavigne e "Mr. Brightside" do The Killers, pois estava ocupada demais aos berros de felicidade enquanto a ajudava a pular a grade.


Como nos shows anteriores, tocaram a música "Vira-vira" dos Mamonas Assassinas, mas dessa vez com a participação do ator Ruy Brissac, que interpretou o vocalista Dinho no filme Mamonas Assassinas – O Filme (2023).


Com a apresentação chegando na reta final, “I’m Just a Kid”, uma das mais aguardadas pelo público, Chuck seguiu o mesmo ritual de fazer “stage diving”. Ele subiu na base bem na minha frente e se apoiou em mim para conseguir se estabilizar, fez um discurso dizendo que gostaria de dar um high five em cada um dos presentes ali no show e pediu para que todos o ajudassem a retornar em segurança. Com uma contagem “one, two, one, two, three four”, Chuck se jogou na galera enquanto a banda seguia cantando o final do refrão da música. Na edição do Rio não teve nenhuma participação especial, como aconteceu nas outras cidades.


Ellen Artie @ellenartie


Fechando o show, a música não poderia ser outra senão “Perfect”, que fez todos ali presentes se emocionarem. Um festival inteiro dedicado aos Emos dos anos 2000 não poderia encerrar de forma mais perfeita do que com o maior hino emo da história. Com a promessa de voltarem em breve, Simple Plan se despediu do público. Antes de deixarem o palco, jogaram baquetas e palhetas restantes do show para o público, momento em que consegui garantir a minha.


O festival terminou, e naquele momento, apesar do cansaço e da lama nos pés, o êxtase pós-show ainda estava presente. O I Wanna Be Tour deixou uma marca muito forte em todo o público. Quem poderia imaginar ver suas bandas emo favoritas todas reunidas em um único dia? Entendo toda a questão de logística para marcar um único show solo, quem dirá um festival, fazendo com que as datas das bandas estejam disponíveis, ainda mais em uma escala de tour. Mas não custa nada sonhar com uma próxima edição, né?


Perdoem minhas fotinhas com celular e não me abandonem.


Texto por: Ellen Artie

Revisão por: Chrislen

2 Comments


Guest
Mar 23

Ahhhhhh adoro seus registros... Pensa daqui uns anos... Como vai ser incrível reler tudo isso e pensar em quantas mais experiências for se acrescentando 🥰🥰🥰

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Leticia
Leticia
Mar 23

Que texto incrível e que fotos perfeitas, só descobri no final que eram de celular. Ahahah Amei 🩷 já ansiosa para as próximas edições.

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