Emo Vive SP: a conclusão de uma celebração viva da história e emoção da cena emo.
- Pedro Meneghesso
- 10 de jun.
- 3 min de leitura

O Emo Vive, selo Polifonia, encerrou sua turnê brasileira em São Paulo com um evento que deixou claro: o emo vive, pulsa e emociona. Depois de passar pelo Rio de Janeiro e Porto Alegre, a última parada foi uma verdadeira celebração da história de cada pessoa presente, desde o público até os artistas — um encontro de gerações embalado por álbuns clássicos, momentos icônicos e muita conexão.
A estrutura intimista e nichada do festival reforçou o charme que eu, particularmente, amo em festivais menores. O público, de várias gerações, vibrava e se emocionava junto, mostrando que, mesmo para quem veio de uma geração pós-“surto emo”, o respeito e a admiração pelo movimento só cresceram. No sábado, a abertura ficou por conta do Boa Sorte, enquanto no domingo, quem abriu os trabalhos foi o Morro Fujo. Em seguida, tivemos Hateen, mae, Emery, Anberlin e Fresno em ambos os dias, cada um com seu repertório focado nos primeiros anos da carreira — um verdadeiro mergulho na nostalgia.
Hateen: pais do emo nacional em dois atos emocionantes.
O Hateen foi o elo mais direto com as raízes do emo brasileiro. No primeiro dia, tocaram as clássicas em inglês, e no segundo, fizeram um set poderoso com as canções em português — um verdadeiro reencontro com a própria história do gênero aqui no Brasil. O ápice foi a emocionante “1997”, quando Esteban Tavares subiu ao palco aos prantos, carregando toda a carga afetiva de uma geração. A influência deles é gigante, com muitas bandas nacionais, como a Fresno, citando o Hateen como “pais” da cena.
mae: experiência sonora e narrativas que marcam.
Foi meu primeiro contato com o mae, que justificou sua presença com um show que vai muito além do convencional: uma verdadeira experiência rock. Eles tocaram o álbum The Everglow, uma obra que mistura rock alternativo e progressivo com letras introspectivas, criando uma fábula sonora cheia de emoção. Mesmo não sendo meu favorito da noite, reconheço a potência da banda e a profundidade do espetáculo apresentado.
Emery: a surpresa elétrica que explodiu a energia do público!
Quem me ganhou de verdade foi o Emery. Sem grandes expectativas pois nunca consumi muito da banda, eles entregaram um show punk, elétrico, com screamo do início ao fim — algo que eu simplesmente amo. Foram eles que deram início às primeiras rodas e moshs da noite, elevando a vibe do festival ainda mais. Nos dois dias, Esteban Tavares voltou ao palco para dividir os vocais em “Walls”, momento icônico e carregado de significado para quem estava ali presente e para o próprio artista. No segundo dia, ainda rolou um set acústico especial, trazendo clássicos que não entraram no repertório principal e mostrando uma faceta mais intimista da banda.
Uma conexão que merece destaque: o Emery claramente inspirou a Fresno — a semelhança sonora e emocional, especialmente na faixa “Cada Poça Dessa Rua Tem Um Pouco de Minhas Lágrimas”, é evidente e linda de perceber, reforçando o diálogo entre a cena emo americana e brasileira.
Anberlin: potência e emoção mesmo com mudanças.
O retorno do Anberlin ao Brasil foi um dos momentos mais aguardados e emocionantes do festival. A ansiedade do público era palpável quando subiram ao palco. Apesar de o vocalista não ser o original, ele honrou o legado da banda e entregou uma performance potente, emocionando do início ao fim. A história de Anberlin na cena emo americana é gigantesca, e vê-los em ação, mesmo com mudanças na formação, foi especial.
Fresno: o ápice emocional do festival!
Fresno trouxe para o palco um show impecável, com hits dos primeiros álbuns Quarto dos Livros, O Rio, A Cidade, A Árvore e Ciano. Foi uma sequência de músicas que não ouvíamos ao vivo há anos e que mexeram profundamente comigo. A conexão emocional era visível tanto na plateia quanto na própria banda, que demonstrava o quanto aquele momento era importante para eles nessa fase da carreira.
A única ressalva foi o show curto, com apenas três músicas do Quarto dos Livros, quando muitos esperavam um mergulho ainda maior nesse álbum icônico. Mas nada disso apagou o brilho do momento. E para fechar com chave de ouro, rolou um pedido de casamento lindo no primeiro dia — momento cheio de emoção e que ficou marcado na memória de todos.
Para quem, como eu, curte festivais de baixa escala e tem um carinho especial pela temática emo, o Emo Vive foi icônico. Mesmo chegando sem conhecer todas as bandas — por ser de uma geração pós-surto emo — saí do festival com respeito e admiração ainda maiores pelo movimento que impactou tantas vidas. O show mais surpreendente para mim foi o Emery; o mais emocionante, sem dúvida, a Fresno. Agora é ficar no aguardo do próximo Polifonia / Emo Vive, que certamente vai continuar a celebrar essa história e essa emoção que não morreu.
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